Novo método faz com que câncer de mama agressivo responda a tratamento convencional






  O controle do câncer depende de controlar o crescimento do tumor e sua comunicação com tecidos ao seu redor  (Foto: Quimno/Pixabay/Creative Commons CC0)

Cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, encontraram uma maneira de fazer com que cânceres de mama mais agressivos respondam ao tratamento convencional. A estratégia em fase inicial foi publicada na "Nature Communication" e teve como primeiro autor o pesquisador Kristian Pietras.

O câncer de mama é geralmente tratado com terapia hormonal que busca limitar a ação dos hormônios femininos. Quase 70% dos tumores crescem na presença do estrogênio, hormônio que controla tamanho dos seios, ovulação e até o brilho da pele, mas que também tem o papel de "alimentar" tumores de mama.

Com isso, a terapia mais comum hoje para o câncer de mama visa bloquear a ação do estrogênio não só no tumor presente nos seios, mas em outras partes do corpo caso ele tenha se espalhado. Os medicamentos mais comuns são o tamoxifeno e o toremifeno.

Há, no entanto, aqueles tumores que não respondem ao tratamento com hormônio (em torno de 10 a 15%) -- e, por esse motivo, são considerados mais agressivos.

Com base nisso, os cientistas encontraram uma maneira de fazer com que esses tumores passassem a responder ao tratamento. A estratégia foi desenvolvida com base nas seguintes premissas sobre o câncer:

  1. O câncer ocorre como resultado de mutações e de outras mudanças genéticas que desativam o controle de crescimento que temos em nossas células;
  2. Novos estudos também estão enfatizando que o câncer se desenvolve também pela comunicação dos tumores com células do tecido ao redor, como vasos sanguíneos e células do sistema imune.

No caso da premissa 1, a terapia hormonal acaba sendo a responsável por bloquear o crescimento desordenado de células. Faltava, no entanto, uma estratégia que desse uma resposta à premissa 2.

Estratégia: Evitar a comunicação da célula cancerígena com outras

Para tentar entender o que acontece no câncer de mama, cientistas começaram a estudar aréas próximas ao tumor. O objetivo era entender se havia vias de comunicação que contribuíam para a manutenção da doença.

Eles analisaram especificamente o tecido conjuntivo, fortemente presente na mama.

O tecido conjuntivo serve como sustentação e preenche o espaço entre um tecido e outro. Possui funções de nutrição também e de proteção térmica em alguns casos. A gordura acumulada é um tipo de tecido conjuntivo que serve, por exemplo, como proteção ao frio e como reserva energética.

Com a pesquisa do tecido, pesquisadores encontraram uma molécula que também contribuía para o crescimento do câncer: o fator de crescimento PDGF-CC. A estrutura transmite informações entre as células tumorais e tecidos conjuntivos, o que muda a sensibilidade do tumor para o hormônio e impede que o tumor responda ao tratamento.

Desenvolvimento de nova droga

Uma maneira de permitir com que o câncer passasse a responder a terapia hormonal, assim, seria encontrar uma maneira de bloquear a PDGF-CC. Em modelo experimental, os cientistas desenvolveram um medicamento biológico (feito a partir de organismos vivos).

A droga impediu a ação da PDGF-CC e fez com quê os cânceres agressivos passassem a resonder ao tratamento.

Os cientistas também analisaram dados de 1400 cânceres e viram que níveis elevados de PDGF-CC estavam associados a um prognóstico ruim.

Para que a droga esteja disponível, no entanto, mais estudos são necessários para avaliar a sua segurança e eficácia em seres humanos.


Quer anunciar neste blog?
Mande uma mensagem no Whatsapp clicando aqui

Quer sugerir uma pauta?
Mande uma mensagem no Whatsapp clicando aqui ou um email clicando aqui