Tecnologia é a principal aliada no aprendizado de crianças com deficiência






 


Luis Paulo Monteiro participa das atividades do Núcleo, através do Desenvolve, que testa noçõesO Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade da Universidade do Estado do Pará (Nedeta), que desde 2005 integra a Rede Nacional de Tecnologia Assistiva, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), desenvolve quatro aplicativos a partir de um trabalho feito com 70 crianças e adolescentes que apresentam algum tipo de deficiência e que são atendidos diariamente pela Unidade de Ensino e Assistência de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da instituição. O objetivo é estimular o aprendizado desses pacientes, especialmente os que tem deficiência motora. O projeto tem a parceria de  alunos da UFPA (Universidade Federal do Pará) e Cesupa (Centro Universitário do Pará)

O primeiro dos aplicativos em teste a ser elaborado foi o Desenvolve, defendido na dissertação de Mestrado da coordenadora do Nedeta, Ana Irene Oliveira. Com funções de acessibilidade, ele constitui um software de ensino voltado a crianças com paralisia cerebral. Criado para ser utilizado em CPUs, o Desenvolve passou recentemente a ser aplicado em tablets e está em fase de aperfeiçoamento. Com a criação desse aplicativo, Ana Irene recebeu, em 2007, o prêmio Direitos Humanos, em Brasília.

Outro aplicativo em desenvolvimento é o Pro Comunique, elaborado em parceria com a UFPA, para o aprendizado de autistas. Já o Vox Lapps, aplicativo para androids também desenvolvido por uma aluna do Mestrado da UFPA, é destinado a pessoas com deficiência na fala e ainda está em fase de testes pelos terapeutas educacionais da Uepa. "O aplicativo está sendo muito bem avaliado pelos profissionais que trabalham aqui no UEAFTO e em breve será aplicado entre os pacientes", disse Carla Santos, que desenvolveu o projeto.

Já o aplicativo Brincando com a Leitura é disponível para tablets e foi criado em parceria com o Cesupa, para auxiliar alunos com dislexia no ensino da leitura e da escrita. A criança passa por um processo de alfabetização usando o método fônico, acessado por meio de bluetooth. Assim, mesmo com limitações motoras dos mais diversos tipos, ela consegue controlar todo o software e ter acesso ao aplicativo usando movimentos simples, como o toque da mão, que aciona o censor do bluetooth.

O projeto vem motivando os criadores. "Testamos o Brincando com a Leitura com 15 pacientes no decorrer de seis meses e a resposta das crianças ao estímulo visual do tablet foi excelente, já que este (estímulo) é um dos mais eficazes nesses casos. O aplicativo usa técnicas de jogos e, com isso, atrai ainda mais a criança, que é estimulada a ganhar pontos e avançar de nível. Os terapeutas vem obtendo um feed back imediato e muito positivo com o uso dessa tecnologia", disse Mateus Henrique dos Santos, 21 anos, aluno de Ciências da Computação do Cesupa, que desenvolveu o projeto.

Os resultados do Desenvolve, primeiro aplicativo desenvolvido pelo Nedeta, já são percebidos pela mãe de Luis Paulo Monteiro. Com 18 anos, o adolescente não fala devido a uma paralisia motora, apresentada desde o nascimento. Por meio das sessões com o aplicativo, que testa noções de cores, formas, números, letras, organização espacial e temporal, a equipe de terapeutas ocupacionais da Uepa traça um mapa personalizado de cada paciente e estimula a coordenação motora fina. "Depois que meu filho passou a usar esse aplicativo, ele começou a mexer no celular e na televisão, com uma curiosidade muito grande. É muito bom perceber essa evolução", disse Ivone Monteiro, mãe de Luis Paulo.

O pequeno Luan Belo, de 9 anos, começou a apresentar sinais de paralisia cerebral aos 4 meses. Assim como Luis Paulo, ele faz sessões com o aplicativo Desenvolve durante 30 minutos, duas vezes por semana. "Em pouco mais de um ano de terapia, ele melhorou bastante os movimentos do lado esquerdo do corpo, que foi o mais afetado pela paralisia", comemora a mãe, Leidiane Belo.

Os projetos desenvolvidos estão sendo financiados pela Fundação Amazônia de Amparo e Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa). A meta agora é democratizar os aplicativos. "A partir do ano que vem queremos que esses quatro projetos estejam disponíveis para o público por meio de download para que todos possam ter acesso a essa tecnologia inclusiva", disse a professora Ana Irene, coordenadora do Nedeta.

Demanda - O serviço de terapia educacional com o uso dos aplicativos é oferecido a pessoas com deficiência motora ou intelectual. Os interessados devem entrar em contato com a Uepa, pelo número 3277-1909. Os inscritos serão submetidos a uma triagem.

Quer anunciar neste blog?
Mande uma mensagem no Whatsapp clicando aqui

Quer sugerir uma pauta?
Mande uma mensagem no Whatsapp clicando aqui ou um email clicando aqui